Chovia torrencialmente. Da varanda da minha
casa eu observava a chuva que caia. Senti-me criança. Os pingos ao caírem no
asfalto, pareciam se transformar em imaginários soldadinhos de chuva marchando
com muita energia rumo ás guias e sarjetas, numa seqüência incrível de
movimentos.
A criança que existe em mim os acompanhava
atentamente com o olhar até se unirem a um batalhão compacto, se transformando
em enxurrada a deslizarem pelas galerias em direção ao grande rio.
Nesse longo trajeto de obediência ao rumo
traçado pelos declives do solo, muitas coisas com certeza aconteceram: atropelaram
indigentes que se encontravam na via pública, inundaram casas e barracos à
beira do caminho, derrubaram muros, causaram erosão aos terrenos desprotegidos.
Por outro lado, fertilizaram árvores e
jardins floridos, revitalizaram plantações rurais, aumentaram o espaço dedicado
à sobrevivência dos animais aquáticos, além de interferirem nas condições
climáticas, causando benefícios a muitos seres viventes. E assim, depois de
cumpridas suas tarefas retornariam ao lugar de onde vieram... às nuvens, através
do vapor provocado pela alta temperatura solar.
Assim é a natureza e a nossa vida, que é
parte integrante dela. Chegamos aqui no planeta terra com muitas aspirações e incertezas,
com tarefas específicas em meio ao campo de batalha da vida, que poderá ser a
nossa redenção, e com um potencial de energia suficiente para superarmos as
dificuldades encontradas na luta do cotidiano, porque o fardo nunca será
superior às nossas forças... Assim disse o Mestre.
Em nosso tempo de caminhada pela vida, muitas
vezes atropelamos nossos irmãos de estrada com nosso orgulho e egoísmo, tantas
outras vezes nos desequilibramos, caímos e nos levantamos, porque somos ainda
inexperientes recrutas no quartel da eternidade.
Precisamos nos esforçar para deixarmos também
as margens do caminho, muitas ações e ensinamentos bons, exemplos morais, de
perseverança e amor, que com certeza irão se transformar em alimentos da alma a
suprir os corações de muitos que compartilham nossa jornada.
A Doutrina Espírita nos lembra que o auto-esclarecimento,
a reforma ìntima, que nos leva a revermos e melhorarmos nosso comportamento
moral, na área das emoções e dos instintos, e as experiências vividas, constituem
a bússola que irá nos conduzir a um rio de felicidade e paz.
Algum dia teremos que retornar à pátria eterna,
lugar de onde viemos, e que seja com um saldo positivo a favor de nossas boas ações,
porque podemos até nos considerarmos soldadinhos de Deus a caminho da luz.
Nelson Nascimento
Lins - SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grata pela visita, volte sempre!!!