É inquestionável que a
sociedade humana vem sofrendo grandes alterações na sua organização e
funcionamento nos últimos anos.
Uma instituição que
celeremente mudou a sua estrutura e dinâmica foi o casamento.
Aquele casamento em que
o homem era o chefe da família e sua palavra dentro de casa era lei, a mulher a
sua companheira para cuidar dos filhos e do lar, com total dependência
econômica está a caminho do desaparecimento.
Então, a união de um
homem e uma mulher não é mais importante?
O casamento deverá
desaparecer do horizonte social?
Jesus, em uma de suas
primeiras ações públicas privilegiou o casamento, no famoso episódio das Bodas
de Caná (João, cap. 2, vers. 1 a 11). (1)
Allan Kardec indagou aos
Mentores Espirituais:
- Será contrário à lei
da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?
E ele foram
peremptórios:
Seria um regresso à
vista dos animais. (2)
Estas reflexões tomaram
minha mente ao ler um artigo sobre esse tema, redigido por Roberta Faria,
editora chefe da revista Sorria. (3)
De forma inesperada, ela
diz, em sua primeira frase:
- “Quando eu me casei,
descobri que tudo o que me disseram sobre uniões estava errado.
Primeiro engano:
casamento não é consequência de um amor romântico. Embora tenha lá sua
contribuição no começo da história, o sentimento explosivo dos livros e novelas
vira é paixonite, caso, namoro.
Mas o que leva alguém a
dividir a vida com outro alguém tem mais a ver com outro tipo de amor – o amor
profundo e inesgotável da amizade.”
Em outro trecho, ela
pondera:
- “Casamento, eu também
descobri, não tem a ver com encontrar o par perfeito que se encaixa sem
arestas. Na minha história, é sobre respeitar alguém diferente, o que exige
negociações diárias e infinitas.”
Afirma mais adiante:
- “Casamento, eu sei
agora, não tem a ver com paixão. Ou, pelo menos, não com o tipo que nos vendem,
dessas cegas, que se põem acima de tudo. Na real, é o contrário.
Casamento – o meu, ao
menos – vive é da admiração da verdade do outro. Enxergá-lo como é, e não como
a gente desejaria que fosse. Sem filtros nem disfarces, sobe a luz da
intimidade e da rotina.
Com todos os humores que
oscilam, as falhas que temos, os nossos desacordos. E é exatamente por
conhecê-lo tão bem, que posso admirá-lo por inteiro, e me encantar a cada
descoberta.”
Por questão de espaço,
pinço mais essa importante conclusão de Roberta:
- “Por fim, eu aprendi
que casamento não é para sempre. É para agora. Não se trata de uma promessa
única, mas de um compromisso que se renova a cada manhã, a cada surpresa, a
cada briga, a cada reencontro.
A vida é cheia de
encruzilhadas. E, a cada vez que encontramos uma, temos que decidir novamente
se vamos continuar seguindo o mesmo caminho, lado a lado. Eu não me casei uma
vez só. Eu me caso com o Artur todos os dias.”
E é só assim, esquecendo
as ideias prontas, que acreditamos que o romance permanece, nos tornamos um par
de verdade, a paixão supera a passagem do tempo e vamos passar o resto da vida
juntos. Não é um conto de fadas.”
Concluímos do relato de
Roberta que o casamento na atualidade ainda é necessário, mais que necessário é
lindo, desde que pretendamos construí-lo ou mantê-lo com os ingredientes que
ela apresentou: realidade, verdade, diálogo, respeito, gentileza, igualdade,
admiração.
É uma construção
permanente!
Bibliografia:
1 Novo Testamento;
2 O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec, Ed. FEB;
3 Revista Sorria – Para
Ser Feliz Agora, ed. 22, ano 4, Ed. MO – Renda para o GRAAC – Grupo de Apoio ao
Adolescente e à Criança com Câncer – e ao Instituto Airton Sena.
Aylton Paiva é estudioso
da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.: Artigo publicado
em 14/10/2011, no Jornal Correio de Lins
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