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A difícil liberdade



        Recebi de uma internauta e-mail no qual comenta minhas reflexões sobre: Libertar-se (publicado no Jornal Correio de Lins em 17/10/07).
        Assim ela escreve: “Gostei muito do seu texto. Libertar-se, achei muito interessante. Estava navegando em busca de algumas informações sobre o espiritismo, para tentar me compreender melhor, e achei seu texto. Acho que nada é achado por acaso. E no final escrevestes: “Suas idéias são idéias, podem ser verdadeiras ou não. Seus conceitos podem ser conceitos ou preconceitos. Aceitem que vocês podem cometer erros e, através deles, encontrar os acertos”. “Confesso que sinto dúvida em razão do libertar-se (pelo momento que vivo), pois não sei se o que eu penso (ou a maneira pela qual me comporto ou quero me comportar) decorre de um conceito ou preconceito. Eis a questão.”
        A dúvida apresentada não é apenas dela, mas, acho, que de todos nós.
        Em certas situações ficamos em saber, com muita clareza, o que fazer ou como agir.
        No prosseguimento de nossas trocas de informações, coloquei-lhe que o tema, de fato, é complexo, no entanto o Mestre Jesus deixou-nos alguns parâmetros.
        Afirmou ele: “Ame o próximo com a si mesmo “ e “ Não faça ao próximo o que não gostaria que se lhe fizesse“.
        Por essas orientações concluímos que ao pensarmos ou agirmos, no exercício de nossa liberdade, deveremos refletir se o que pensamos em fazer ou nos comportar relativamente ao outro, vai prejudicá-lo ou não. Se o que vamos fazer, gostaríamos que o outro fizesse conosco, ou não.
        Com esse balizamento dificilmente agiremos em detrimento do nosso semelhante e teremos uma clareza de entendimento em como usar a nossa liberdade, libertando-nos de preconceitos, com manifestações do orgulho e do egoísmo.
        Também a Doutrina Espírita, em sua obra fundamental: O Livro dos Espíritos orienta-nos no exercício da liberdade: “Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?
-          Na dos eremitas no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhe cumprem respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta.” ( Questão nº 826 )
Assim, para o Espiritismo, o homem não goza de absoluta liberdade quando vivendo em sociedade, porque uns precisam dos outros.
Precisamos desenvolver a capacidade de pensar, pois é através dela que poderemos conhecer-nos e o mundo em que vivemos.
Pelo pensamento desfrutamos de liberdade ilimitada, o que deverá ajudar-nos nesse conhecimento. Esse entendimento deve amparar-nos a ação no sentido de, através da liberdade, desenvolvermos a fraternidade, a igualdade, a justiça e o amor.
A liberdade de consciência é uma característica da civilização em seu mais avançado estágio de progresso, já assinalava O Livro dos Espíritos (1857) e, hoje, essa liberdade está consagrada na Declaração dos Direitos Humanos, na própria Constituição da República Federativa do Brasil e na dos países mais avançados no respeito aos direitos humanos.
Temos, porém, a considerar que uma sociedade para manter o equilíbrio, a harmonia, e o bem-estar precisa estabelecer normas, leis e regulamentos asseguradores do direito coletivo, para não serem prejudicados pelos interesses pessoais egoísticos.
Esse entendimento de liberdade deve levar-nos à ação para implantar o bem em nós mesmos e na sociedade em que vivemos a fim que o mal gradativamente desapareça. Para isso devemos atuar conscientemente, com amor e determinação.

Aylton Paiva

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).




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